Fósseis com 470 milhões de anos foram encontrados em excelente estado de preservação no sul da França, revelando um ecossistema semelhante ao observado em comunidades polares contemporâneas. A descoberta impressionante, realizada por dois paleontólogos amadores, inclui quase 400 fósseis do período Ordoviciano Inferior, destacando-se pela diversidade e qualidade de conservação.
No local, os pesquisadores identificaram conchas, fragmentos fisiológicos e tecidos moles, como sistemas digestivos e revestimentos cuticulares, preservados em óxidos de ferro. O achado, denominado Biota de Cabrières, ocorreu na região de Montagne Noire e evidenciou uma ampla biodiversidade, incluindo artrópodes (como milípedes e camarões) e cnidários (águas-vivas e corais), além de abundância de algas e esponjas.
Fugindo de altas temperaturas
O ecossistema encontrado assemelha-se ao observado em comunidades polares, sugerindo que a região serviu como refúgio climático para os animais durante o período Ordoviciano Inferior, caracterizado por altas temperaturas. Em meio ao aquecimento global intenso, os animais buscavam abrigo em latitudes mais elevadas, escapando das condições equatoriais extremas.
Essas descobertas pioneiras foram documentadas em um estudo publicado na revista Nature Ecology & Evolution, marcando o início de um extenso programa de pesquisa. Este programa incluirá escavações em grande escala e análises fósseis aprofundadas, utilizando métodos inovadores para revelar a anatomia interna e externa dos organismos, além de deduzir suas relações filogenéticas e modos de vida. As informações foram divulgadas pela Revista Galileu.